44 anos de serviço público

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Para que não se diga que só sei criticar, hoje deixo aqui um artigo em forma de noticia, quase. Sem falar mal, sem apontar criticas, só elogios (dados por outros, que eu não sou dotado de tal capacidade).

A verdade é que tive que o escrever para outra plataforma, logo, porque não aproveitá-lo e gerar conteúdo aqui também? Aqui vai:

Chico George (para os amigos) cessou funções como Diretor-Geral da saúde, por limite de idade, e despediu-se através de uma última intervenção intitulada “44 anos de serviço público”.

A cerimónia serviu como homenagem a esta figura incontornável, que deu um rosto à saúde pública em Portugal durante tantos anos. Nas palavras do ministro da saúde, Adalberto Campos Fernandes, foi “uma celebração inédita” que também caracterizou como “um encontro de amigos”. E de facto, não existirão certamente melhores palavras para descrever o que se passou, dado o ambiente de família, que esperava Francisco George no auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.

Esta festa de despedida, contou com tudo: momentos musicais, testemunhos de amigos, a intervenção do homenageado, prémios e muitos, muitos abraços.

Do lado das honras atribuídas a Francisco George destacaram-se dois anúncios. O de que iria ser criado um prémio com o seu nome, pelo ministério da saúde, a ser entregue anualmente ao melhor projeto de investigação em saúde pública, e também o de que iria receber, do Presidente da República Portuguesa, o colar da ordem de mérito.

Da intervenção de Francisco George, sobressaíram as suas histórias pessoais e profissionais, a análise dos grandes marcos do seu largo mandato (2005-2017) e as suas sugestões para o futuro. Em particular, o homenageado perdeu um pouco mais tempo a congratular-se com o enorme sucesso da implementação da lei do tabaco, do controlo da interrupção voluntária da gravidez, da comunicação da importância da vacinação, entre outros dos inúmeros projetos que concretizou ao serviço da saúde pública em Portugal. Aproveitou também para vincar a importância dos bons hábitos de vida, sem tabaco, sem açúcar e sal em demasia, sem gorduras industriais e com muita atividade física. Desafiou os órgãos políticos a reverem a constituição, dando como exemplo a impossibilidade de determinar uma quarentena, porque as leis fundamentais da nossa república não permitem internar, por via da força, nenhum individuo, a menos que este seja portador de anomalia psíquica. Terminou estabelecendo como três principais desafios para as futuras direções: as doenças transmitidas por vetores, a resistência dos antibióticos e as doenças crónicas não transmissíveis.

Foi uma festa, uma celebração da pessoa e do profissional que sempre viveu “obcecado por servir o outro”. “Uma pessoa calma, muito humana, verdadeira e com uma capacidade impar na arte da comunicação” –  Assim é descrito pelos seus amigos, Francisco George, o antigo Diretor Geral da Saúde!

http://www.dossierdelutas.pt/wp-content/uploads/2017/10/159610.pdf

Ao som da cortiça

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A universidade de Oxford diz que o som das rolhas das garrafas influencia a perceção de qualidade do vinho. As de cortiça ganham.

Dado interessante deste campo que assumo ser o das neurociências. Faz-nos parecer uma espécie de cães de Pavlov, a salivar ao toque de um “plop” porque lá vem néctar dos deuses.

Mas que tem o barulho de uma rolha de cortiça de especial, para nos despertar os sentidos e a alma? Será este um caso para as ciências sensoriais? Como é que um rapaz de economia da saúde (que nem bebe vinho), vê este fenómeno?

Pois bem, é economia… O mesmo que uma etiqueta com um preço, literalmente. Ofereçam-me dois produtos e mostrem-me os preços. Escolho como produto de maior qualidade aquele que tiver o preço maior. Não tem nada a ver com qualquer tipo de perceção. É apenas uma generalização. Pode falhar, por vezes, mas não vai acontecer muito.

A rolha de cortiça tem um papel de sinalização. Talvez não tanto em Portugal, em que quase todos os vinhos têm uma bonita garrafa de vidro com rolhas de cortiça, mas no estrangeiro sim, onde isso não acontece com tanta regularidade. Uma rolha de cortiça tem muita informação por detrás. Diz que a empresa comprou rolhas de cortiça, o que implica que escolheu ter uma estrutura de custos superior. Diz que a empresa está preocupada com os detalhes. Diz que a empresa se quer diferenciar e candidatar-se a um grupo de potenciais compradores que exigem outro nível. No fundo, diz que a empresa não escolheu competir em preços, numa estratégia de tentar oferecer preços mais baixos ao consumidor final. Como tal, a empresa tem que ter um produto de qualidade, que se diferencie por essa via.

Neste estudo devem ter medido as respostas através de uma análise sensorial, tentando detetar alterações no corpo em resposta aos estímulos dados pelos diferentes sons. Se o estudo foi bem feito, ofereceram o mesmo vinho com diferença exclusiva na forma de selar a “embalagem”. As pessoas apreciaram mais o vinho quando ouviram a rolha de cortiça a ser levantada.

Se o objetivo era comparar as alternativas de selar as garrafas de vinho, entre tampa de enroscar e rolha de cortiça, então não creio que tenha sido bem sucedido. O principio económico implicitamente presente na mente das cobaias vai sempre dizer-lhes que cortiça é melhor.

É engraçado como o cérebro absorve os princípios básicos de economia de forma quase involuntária. Aposto que se mostrarem os resultados aos participantes a maioria não os saberá interpretar. Este é para mim o ponto mais interessante do estudo: as pessoas sabem de economia sem o saberem.

 

Autárquicas – Nada a ver com saúde

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Fingindo que não se passa nada no sector da saúde (como se não houvesse enfermeiros em greve, nem um orçamento de estado para ser comentado), vou continuar a falar do tema das autárquicas. Desta vez de forma séria, no entanto. Uma das preocupações recentes, em qualquer sufrágio em Portugal (e noutros países), tem que ver com a abstenção. Parece que a liberdade de poder não votar é incomodativa, até porque contraria o artigo 297º da Constituição da República Portuguesa, que consagra o voto como um dever, cujo não exercício, só por desleixo das autoridades (ou falta de espaço nas prisões) não é recompensado com uma estadia gratuita no sistema prisional português.

Bem, acho que se percebe pela ironia desta última frase, mas ainda assim vou deixam bem vincado, até para poupar trabalho a quem me queira descredibilizar, que não tenho absolutamente nada contra a abstenção. Mas há dois dias, li um artigo, que me deixou desconfortável em relação à minha opinião. Foi o artigo do Henrique, que partilho abaixo, e que contém um parágrafo, que à primeira leitura, me persuadiu.

https://www.publico.pt/2017/09/29/politica/opiniao/abstencao-um-problema-com-solucao-1787047

Mas já sabem que eu não escrevo para dizer bem. Eu ou escrevo para dizer mal ou para apontar falhas de raciocínio. É claro que nunca diria mal do Henrique, até porque não teria nada para dizer, por isso sobra a segunda.

A falha não é grande, daí eu ter comprado o argumento, inicialmente. Só aquele ligeiro incómodo, de quem sabe que algo está errado sem saber porquê me fez reler a argumentação e pensar seriamente sobre ela. Aqui vai o trecho em causa:

“O aumento da abstenção é grave porque traduz uma maior distância entre eleitores e governantes, podendo gerar uma representação democrática enviesada que favorece aqueles que votam, na medida em que existe uma tendência para os governantes responderem às suas necessidades, já que estes grupos são os que ditam, em grande parte, os resultados das eleições. Basta pensar que se reformados votam mais que jovens estudantes, provavelmente existirá uma tendência em priorizar as necessidades dos mais velhos em detrimento dos mais novos.”

Neste exemplo, se um jovem não vota, os partidos continuam a dar prioridade aos mais velhos. Logo, os jovens deviam votar. Tentador, não é?

Mas se um jovem vota, está a encorajar os partidos que continuam a dar prioridade aos mais velhos. Temos aqui uma espécie de um paradoxo… Significa que os partidos teriam que saber que os jovens iriam votar para criarem “politicas” à sua medida.

Mas mesmo que não votem, não seria racional existir uma tendência em priorizar as necessidades dos mais jovens em detrimento dos mais velhos? Pelo menos por um partido que queira capturar esses potenciais votantes, que estão ali à mão de semear. O facto de não votarem não significa que não sejam potenciais votantes… E por aí o argumento nunca pode estar correto.

Admitindo ainda assim que o argumento estaria certo, se esses jovens tivessem mesmo uma preferência muito forte por algum tipo de politica, será que não votariam? Pode acontecer que mesmo que as politicas não os favoreçam também não os prejudiquem (muito). Logo, verem outras politicas dirigidas a outros públicos serem postas em prática pode não ter um efeito significativo no seu bem-estar, ao ponto de nem sequer votarem.

Por fim, e se um jovem quiser votar num partido que não dá preferência a ninguém em função de uma estratégia de maximização de voto? Vota em quem? Se alguém tiver a resposta que me diga, para eu saber o que vou fazer hoje!

 

“O voto em branco é uma versão fraca de abstenção.” – Walter Bazar

Autárquicas: O Hospital Turístico

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É impossível fugir ao tema das autárquicas. Afinal é sobre o que toda a gente está a falar. Quer dizer…toda gente não, mas muita gente. As pessoas que votam, no fundo, que ainda são para cima de 10…

Uma vez que o povo pede eu acedo, e, portanto, estive a pensar num tema para juntar saúde com eleições autárquicas. A busca estava difícil, mas por obra divina, miraculoso trânsito da IC19 (algo que nem deus tem poderes para resolver) cai-me nas mãos, ou nos ouvidos, para ser mais preciso, o debate entre os concorrentes candidatos à Câmara Municipal de Sintra, que estava a passar na Antena 1. Reparem, que eu só tinha o rádio na Antena 1 porque na noite anterior, última vez que tinha usado o carro, era noite de Champions. Por isso devo agradecer não só à IC19, mas também aos deuses do futebol.

Desculpem o aparte…. Vamos lá voltar ao tema. Neste debate, entre 9 candidatos, havia apenas unanimidade numa questão. E apenas é forma de expressão, porque até ontem eu pensava que unanimidade na politica era um mito, que nem Omero teria engenho para escrever. Mas o que era afinal? Era a construção do hospital público de Sintra.

Muitos tentaram explicar que não fazia sentido um concelho com 400 mil habitantes, um dos maiores do país, não ter um hospital para si, quando Cascais, Loures e até o Seixal têm um. Muitos disseram que o Amadora-Sintra (Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca) não tem hoje em dia condições para acolher uma população tão grande e com necessidades tão diversas. No entanto só uma senhora foi capaz de pensar fora da caixa e referir a verdadeira função de um hospital em Sintra.

Ao minuto 27, do link que abaixo vos entrego, Anabela Henriques, da coligação “Sintra Sim”, composta pelo Juntos Pelo Povo e pelo PDR, inicia a seu discurso triunfal, que viria a durar cerca de 2 minutos, antes de ser interrompida por Maria Flor Pedroso, que certamente não aguentava mais de vergonha alheia e, num ato misericordioso, deu a palavra a outra pessoa.

http://www.rtp.pt/play/p3844/e308031/autarquicas-2017

Como o discurso foi tão bom, decidi transcrevê-lo por completo, mesmo que incluindo partes que nada a ver têm com saúde, a menos que mental:

“Ora bem, uma das nossa prioridades é apostarmos na economia social, ou seja, enquanto sector de atividade autónomo do sector privado e público, não pretende substituir qualquer um destes sectores económicos, mas achamos insubstituível, pela sua própria especificidade, a economia social detém um conjunto de vantagens, entre eles a capacidade de detetar novas necessidades e criar novos empregos, a capacidade de mobilizar e movimentar forças diversas e numerosas redes, e no fundo utilizar corretamente os recursos que provêm da redistribuição. Tamém, uma das apostas que nós fazemos é no emprego tecnológico, ou seja, criar um hub, em que, para fixar emprego de jovens mais qualificados, e associar a isto industrias criativas como o disainhe, o teatro e apostamos tamém, queríamos lutar pelo…hospital, porque pode ser uma das mais valias para o concelho porque vai fomentar o turismo, aumentar as hotelarias e (?)trezeno(?).”

Qual Futre, qual chinês…quando Sintra construir um hospital público, vai vir charters todas as semanas de 400 ou 500 pessoas. Sintra vai ter comissão dos charters, vai ter comissão dos hotéis, vai ter comissão dos restaurantes, dos museus, etc…, etc…, etc… Vamos abrir um departamento só para este hospital. Temos que abrir o mercado da saúde…

Desculpem a quem pensou que isto ia ser um texto sério, mas não aguentei. Há coisas que são engraçadas demais para não serem partilhadas (e desabafadas). Até me estou a sentir um pouco mal por estar a gozar com a senhora em questão. Mas quem concorre à presidência do 3º concelho mais importante do país e diz o que diz põe-se a jeito… Ainda para mais é a minha terra.

Vota Anabela Henriques, vota no Hospital Turístico!

Cancro e Charcutaria

A meio da semana, vinha eu de carro, no meu caminho diário Sintra-Lisboa, quando ouço na rádio, Antena 3 creio, uma noticia interessante. Informavam-se os radio-espectadores sobre as principais conclusões do relatório do programa nacional para as doenças oncológicas. Um dos highlights foi para cancro do estômago, que ao que parece é mais comum na região norte de Portugal.

A parte gira desta noticia é que existia uma justificação bastante especifica para tal facto estatístico.

Embora no documento apareça apenas que a prevalência nortenha de cancro no estômago se deve a maus hábitos alimentares, na rádio, estes maus hábitos foram ilustrados com o exagerado consumo de carnes curadas/fumadas. Portanto, parece que alguém se lembrou de dizer na apresentação do relatório, que o pessoal a viver a norte do país morre mais desta maleita simplesmente porque come mais chouriços.

Ora, eu até posso acreditar que estas diferenças entre regiões do norte e sul se devam a hábitos alimentares, mas por favor, um pouco de ciência a sustentar as conclusões… Onde é que está a estatística que diz que se comem mais produtos de charcutaria no Norte? Há sequer algum estudo que aponte inequivocamente para a relação entre enchidos e cancro em seres humanos? Onde é que está a metodologia que prova que essa relação á causal?  Admito não dominar a literatura sobre causas de cancro, mas penso que nestes casos, os estudos que existem apontam correlações e não necessariamente relações de causalidade (até porque se tiver que pensar numa estratégia de identificação que me permita chegar a tais conclusões a tarefa não me parece assim tão fácil). Caso apontem, também não custa nada referi-los. É que assim dá a entender que se concluiu isto simplesmente porque parece fazer sentido. E se é assim que se fazem as coisas, então para quê a academia?

Curioso ver que o baixo Alentejo está na média nacional e o alto Alentejo muito abaixo da mesma. Era capaz de jurar que nessas zonas o consumo de carnes fumadas (por mil habitantes) também era muito elevado. Agora ninguém me pode criticar por não ter a prova do que acabei de dizer. Se eles podem eu também posso.

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Eliminar a hepatite C: o meu comentário

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Terça feira fui à apresentação do livro “Eliminar a hepatite C em Portugal: da visão à ação”, por isso, parece-me natural hoje falar sobre o tema. Quanto percebo eu de hepatite C? O mesmo que de física quântica. Mas isso não interessa para nada. Se for bem-sucedido candidato-me a primeiro ministro ou algo do género.

Brincadeiras aparte, vamos olhar às sugestões apresentadas no livro. Este aponta 5 recomendações chave:

  1. Diagnóstico e tratamento na comunidade, que, em resumo, diz que se a Maomé não vai à montanha, então deve ir a montanha a Maomé.
  2. Gestor de Caso, A.K.A., pessoa profissional de saúde, potencialmente um enfermeiro, a quem é entregue uma carteira de doentes com hepatite C, a qual deve ser “gerida” pelo mesmo.
  3. Financiamento e incentivos alinhados, no fundo, uma escolha entre um orçamento de saúde pessoal e um sistema de capitação.
  4. Navegador de saúde, que aparenta ser uma pessoa para acompanhar os doentes, ajudando com os processos. Pelo que percebi é semelhante a um neto (como eu) que tem que estar preparado para levar a sua avó ao hospital e indicar-lhe onde se deve dirigir a cada fase do processo. A diferença é que o navegador de saúde estará treinado para lidar com a população de risco (presidiários, toxicodependentes, etc…) e com as caraterísticas dos processos específicos associados à hepatite C.
  5. Rastreio Universal, que é no fundo o que o próprio nome indica.

Em suma, estas são medidas de organização e proximidade. A sugestão aponta no sentido de se criar um percurso bem definido para um doente de hepatite C, de forma a que a sua identificação, acompanhamento e tratamento seja rápida e eficiente.

Agora, seria a hora de elogiar o livro, mas se fosse para isso este texto não teria piada. Os autores podem ser meus amigos, mas não se safam ah! ah! ah!.

O estudo pode estar todo muito bem feito e as recomendações serem ótimas, mas (há quem diga que tudo o que está atrás de um “mas” não conta, mas) não me convencem com a história do financiamento.

Financiamento não é um problema? Como não?

O argumento é que se tratam de questões de organização. Mas eu acho que organização custa dinheiro…

A história da ramona (nem conhecia esta palavra), que o João Pedro contou na apresentação, é perfeita para ilustrar o que eu quero dizer. Ele explicou que nos sistemas prisionais não há carrinhas nem guardas suficientes para levar os presos aos hospitais, e como tal, os doentes de hepatite C são muitas vezes preteridos, por exemplo, por transportes de outros presos aos tribunais. Mas então a solução é arranjar mais carrinhas e mais pessoal, o que constitui um custo. Alternativamente, pode-se trazer a montanha a Maomé. Vamos fazer os serviços de saúde deslocarem-se ao encontro do preso. Mas é preciso ter essas pessoas e os mecanismos de transporte disponíveis. Adivinhem, também custam dinheiro. A não ser que me digam que há profissionais de saúde que em vez de trabalharem estão a jogar candy crush e, como tal, estão prontos para serem alocados ao tratamento da hepatite C. Se calhar também há formas de transporte, com os devidos equipados, prontas a serem utilizadas, porque Portugal é rico e pode-se dar a esses luxos…

Além disso reparem, por construção, rastrear e tratar de mais doentes aumenta os custos. Se este ano se tratar o dobro dos doentes, é normal que os custos de tratamento fiquem perto de duplicar.

O ponto chave do argumento (que não sei se aparece no livro de forma explicita) é que, se a doença for erradicada, então deixam de haver infeções no futuro. Consequentemente os custos de longo prazo são eliminados, constituindo uma poupança intertemporal, por via de uma transferência de recursos do presente para o futuro. Mas creio que nunca se conseguirá atingir o objetivo sem a tal transferência.

Por isso volto a reforçar que me parece necessária a existência de recursos no presente. Mesmo que haja profissionais, dentro do sistema de saúde, completamente disponíveis para se tornarem gestores de caso e navegadores de saúde, e mesmo que já existam todos os recursos para que estas pessoas trabalhem com as condições idealizadas, continuamos com o problema de que rastrear e tratar mais doentes constitui um custo elevado. Se esse dinheiro não estiver disponível (existirem restrições orçamentais de curto prazo), então tratar mais pacientes de hepatite C implicará tratar menos pacientes de outra doença qualquer.

Mas isso, suponho, serão problemas para quem se comprometeu a erradicar a hepatite C até ao final de 2030. Se não há dinheiro, arranjem-no. Porque as soluções apresentadas (mesmo com custos associados) parecem-me ser as indicadas.

Assim sendo, em relação aos autores do livro, só me restam dizer duas coisas:

  1. Grande trabalho!
  2. Tenho orgulho de ser vosso colega e amigo!

Vício digital

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70% dos jovens são dependentes do mundo digital. Mas isso é mau? Os jovens de hoje em dia também são dependentes de água canalizada, eletricidade, comidas quentes e nutritivas, i.e, tudo o que a evolução tecnológica nos oferece. Os jovens das cavernas é que não dependiam de nada disso. Dependiam do fogo e peles de animais.

É normal que os jovens de hoje em dia sejam dependentes das tecnologias. E é saudável que assim o seja. A saúde social de cada individuo depende do seu nível de integração na sociedade, e, hoje em dia, estar a par do desenvolvimento tecnológico é um requisito.

Se calhar os 30% que sobram é que são o problema.

Porque é que eu estou a falar disto? Porque acredito que dependência neste caso está mal definida propositadamente para efeitos de alarme.

Muitas vezes olham-se às novas tecnologias como uma praga. Um miúdo andar a apanhar Pokémons durante o mês em que a “febre” está no seu expoente máximo parece ser razão para chamar o exorcista lá a casa. Se ele fala com amigos no WhatsApp durante um almoço de família é sacrilégio. Um miúdo passar algum tempo em casa a jogar League of Legends com amigos é intolerável.

Não é bem assim. O que acontece é que se exagera. Olham-se apenas aos custos. Não se olham aos benefícios. Não se olham às alternativas (ou falta delas).

É verdade que as novas tecnologias fazem mal à vista? É.

Despromovem o exercício físico? Sim

Têm risco de dependência? Também

Mas e os benefícios? Parece que os benefícios são sempre ignorados…

Eu percebo a tentação de olhar aos custos. Na verdade, identificar os problemas é a primeira forma de os resolver. Mas e a dimensão dos benefícios? Se os benefícios forem superiores aos custos…

No caso das tecnologias os custos são o que são. Para perceber se eles são suficientes para se criar uma campanha contra as mesmas, falta olhar aos benefícios.

Em tudo o que tem a ver com a tecnologia eu tenho esta sensação de que pessoas avessas à mudança tentam sempre argumentar contra a mesma ignorando os benefícios e olhando apenas para os potenciais custos (que normalmente generalizam e exageram).

Por exemplo, há gente completamente contra videojogos. Dizem que estes só tornam crianças em reclusas, viciadas, sem vida social. Ninguém fala que entretém, ensina e gera amizades. Sim, porque eu por exemplo aprendi inglês com videojogos. Ia ser na escola, não? E hoje em dia com a evolução da componente online, cada vez mais jogar é uma experiência social também.

Falam das redes sociais e dos smartphones. Pois bem, estou no centro de saúde de sete rios para levar a vacina da hepatite A (quando escrevi isto, há 2 meses, estava de facto). Nestas 6 horas de espera ouço música, leio e respondo a e-mails, falo com amigos que nem sequer estão em Portugal, falo com os amigos que estão, para combinar praia para amanhã e ainda escrevo este artigo. 6 horas que anteriormente seriam passadas a contemplar esta bela tinta branca Robbialac acetinada que forra as paredes do edifício.

Pode ter problemas? Pode. Mas não podemos generalizar e fazer campanhas anti tecnologia só porque somos demasiado preguiçosos para aprender (sim, estou a insinuar exatamente isso).

Cabe-nos estar atentos e garantir que o uso das novas tecnologias, por parte dos mais novos e de nós mesmos, é adequado.

 

 

 

 

 

 

(Será que se não comentar não ter escrito nada em 2 meses ninguém repara?)

Venho por este meio informar…

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Há quem diga que as tecnologias estão a substituir os médicos e que consequentemente a as pessoas fazem menos uso dos seus serviços. Há quem diga que o excesso de informação não filtrada provoca pânico nas pessoas e as faz pedirem excesso de cuidados de saúde. Embora opostas, há uma coisa em comum: há quem diga que muita informação e tecnologia são más.

Ora, já se está a ver que eu não concordo com nada disto, certo? Pelo menos parcialmente.

Em primeiro lugar, que as tecnologias substituam os médicos, acho uma coisa ótima. Imaginem um mundo futurista, em que há uma máquina, que todos podemos adquirir e ter em casa, que nos faz um diagnóstico total. Imaginem que faz tratamentos também. Isto não seria espetacular? Ou alternativamente, imaginem que tal como no Matrix é possível transferir conhecimentos complexos de forma quase instantânea e todos podem saber sobre medicina (e Kung Fu!). Não mais problemas de agência! Por isso, a substituição dos médicos não é o problema. O problema é as pessoas acharem que estão a substituir os médicos quando de facto não o estão. Aí vão estar a tratar-se de forma desadequada. Reformulando o que disse anteriormente, que as tecnologias substituam os médicos é uma coisa ótima, desde que de facto os substituam.

E se forem complementares? A mesma coisa. Desde que as pessoas percebam que são apenas complementares e não substiutas, então venham elas! Só vão melhorar a nossa qualidade de vida.

Logo o problema está na capacidade do cidadão comum de filtrar e decifrar toda a informação que lhe é disponibilizada. Muitas vezes, a informação oferecida às pessoas não é muito fiável, não cumprindo então o papel que por exemplo, um médico, cumpriria. Mas isso só é um problema se as pessoas não souberem que essa informação não é de confiança ou se não a souberem interpretar. Durante algum tempo será razoável pensar que não o saberão. É razoável pensar que uma pessoa com uma dor de cabeça mais forte vai exigir ao médico uma ressonância magnética porque leu na internet que uma pessoa que tinha uma dor de cabeça morreu com um aneurisma.  É razoável pensar, que outra pessoa, com a mesma dor de cabeça, em vez de ir ao médico decida recorrer a um tratamento aleatório, que leu no blog de uma qualquer Maria, que fazia milagres. Não tenho dúvidas que isto acontece. Mas cada vez acontece menos. Cada vez as pessoas estão mais capazes de se autoeducarem. E as que não passam a perceber as coisas que não percebem, pelo menos passam a perceber que não as percebem. Já é suficiente!

Para perceberem que cada vez as pessoas estão melhores a interpretar o que lhes metem à frente, quem nunca usou aqueles sites de noticias falsas para partilhar com amigos nas redes sociais, em jeito de brincadeira? No inicio toda a gente acreditava, não era?

É ou não é verdade que cada vez que encontram uma noticia mais “bombástica” olham agora às fontes e procuram a mesma noticia em outros recursos de informação?

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Concluindo, o problema das novas tecnologias e informação está na transição. Está no tempo em que toda a gente demora a perceber o seu real valor. Na descodificação entre substituto perfeito, substituto imperfeito e complementar. Então é aqui que está o espaço para intervenção: Primeiro educar os cidadãos para aprenderem a perceber quando não percebem. Depois filtrar a informação e indicar o que é confiável. A primeira faz-se com educação e sensibilização, tornando as pessoas mais espertas e alertas. A segunda faz-se com investigação cientifica e promoção dos resultados.

 

Deixo aqui um outro artigo sobre este tema:

http://www.netfarma.pt/artigo/ceu-mateus-digital-health-notas-da-nova

No próximo post irei comentar outro tópico relacionado. Vou comentar a história de que as tecnologias são más para a saúde porque isolam as pessoas, sobretudo as crianças. Esperam-se toneladas de ironia.

http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/que-consequencias-trazem-utilizacao-da-tecnologia-em-excesso-smartphones-tablets-e

O Obama quer, o Trump não

O Sistema Nacional de Saúde (SNS) é um dos pilares fundamentais de um estado social moderno, funcionando como um seguro de saúde para os seus cidadãos. Estes descontam na medida das suas possibilidades quando podem e são ajudados quando precisam, permitindo estabilizar o consumo e eliminar a incerteza, aumentando assim o bem-estar geral da sociedade. Uma ideia universalmente aceite em todo o mundo ocidental. Todo? Não! Um país povoado por irredutíveis americanos resiste ainda e sempre à ideia.

A previsível morte do Obamacare marca um retrocesso no caminho para um Sistema Nacional de Saúde (SNS) norte-americano. Fica assim a pergunta: O que torna os EUA tão aversos à adopção de um sistema que é tido como um dos mais fundamentais avanços civilizacionais na generalidade dos paises ocidentais?

A resposta recai inevitavelmente sobre o partido Republicano. É verdade que Trump fez da revogação do Obamacare uma das bandeiras da sua candidatura, mas, como sabemos, Trump teria dito o que o eleitorado Republicano quisesse ouvir. E  a generalidade deste clamava pelo fim do plano de saúde de Obama.

As análises sobre os beneficiados são claras. A ausência de um SNS prejudica mais quem tem menos rendimentos e quem tem condições de saúde pré-existentes. Ao mesmo tempo, menos gastos com saúde significam menos impostos, o que, num estado com um sistema de impostos progressivo, acaba por beneficiar mais quem tem rendimentos mais altos.

Dito isto, o partido Republicano não alcançou quase 50 milhões de votos exclusivamente da classe alta. Muitos americanos de classe média e baixa, principalmente fora das grandes cidades, apoiam o partido Republicano e são contra o Obamacare.

Surge a pergunta inevitável: Porque são tantos republicanos contra um sistema que, tudo indica, os beneficiaria? É difícil explicá-lo estritamente do ponto de vista da ciência económica. Talvez os eleitores republicanos subestimem a sua probabilidade de vir a precisar de cuidados de saúde, ou talvez substimem os custos que esses cuidados podem comportar. Explicações que terão algo de verdade. No entanto, vale a pena analisar este fenómeno como sendo um processo de associação.

A maioria dos eleitores republicanos não terão a sofisticação para entender as complexidades socio-económicas inerentes à adopção de um SNS à imagem da maior parte dos paises da OCDE, mas entendem as posições dos maiores partidos americanos em questões sociais. Questões como o aborto, como a importância da religião na vida social, como as drogas, como a justiça. E isso basta. Para um conservador, estar de acordo com os Democratas, significa estar de acordo com aqueles que nestas questões defendem posições inaceitáveis. É mais fácil dividir o mundo em bons e maus e concordar com os bons em tudo, mesmo em questões que não entendemos bem.

E esta associação basta especialmente quando a realidade partidária é dicotómica. Um panorama político multipartidário com a existência de um partido conservador com um peso relevante a nível eleitoral a favor, no entanto, da criaçào de um SNS forte, poderia ajudar o eleitorado a dissociar as questões económicas das demais e torná-los mais receptivos a um plano similar ao Obamacare.

Este mecanismo é ainda reforçado actualmente por um contexto em que é cada vez mais fácil o eleitorado escolher as fontes de informação que tendem a cobrir as notícias de forma a reforçar o seu enviesamento político.

Neste ponto poderíamos perguntar-nos o que levou a esta realidade partidária dual nos Estados Unidos. A resposta a esta pergunta é interessante e encontra uma resposta convincente na própria estrutura do sistema eleitoral norte-americano, mas tomemos este factor como um dado adquirido desta análise. (Não resistindo, ainda assim, a deixar o link para este  video que explica esta problemática de uma forma rápida, interessante e ilustrativa: https://www.youtube.com/watch?list=EC7679C7ACE93A5638&v=s7tWHJfhiyo )

Em vez disso, iremos mais fundo, mas noutro sentido. Nomeadamente, o de questionar a razão para a associação destas duas vertentes no espectro politico Esquerda-Direita.

É curioso constatar que no panorama político moderno, a esquerda tende a ser caractrizada por um certo paternalismo económico e liberalismo social, enquanto a direita é caracterizada por um liberalismo económico e um certo paternalismo social, muitas vezes alicerçado em valores religiosos. Há, decerto, ainda outras dimensões políticas relevantes, mas são estas as que normalmente assumem maior preponderância.

Afirmar sob este prisma que estas associações constituem um paradoxo seria um erro, na medida em que as questões são em larga medida independentes entre si. Não parece existir à partida uma relação de causalidade óbvia entre o conservadorismo de valores a uma ideia de liberalismo económico. A ideia de um socialista conservador ou de um capitalista liberal não são contra-sensos em si mesmo. De facto,  não é dificil encontrar exemplos destes casos, apesar de serem a minoria.  Ainda assim, não deixa de ser uma constatação que adensa o mistério sobre a razão para junção destas filosofias.

Para compreender esta relação, regressemos à génese dos termos Esquerda e Direita no contexto político. Estes nascem na Revolução Francesa, numa época onde a ciência económica ainda gatinhava, o que é revelador sobre a sua irrelevância na génese desta relação.

Na Assembleia Nacional durante o inicio da revolução aglomeravam-se à direita os membros da assembleia que defendiam o Ancién Regime, e à esquerda os que exigiam uma ordem social radicalmente diferente. No centro, os moderados.

A Direita assumia-se assim como a manifestação institucional dos interesses da ordem social vigente em todas as suas vertentes. A identificação desta direita com valores clericais, por exemplo, é uma consequência destes serem uma herança do regime anterior.

Da mesma forma, as politicas de cariz económico eram fruto dos interesses destas facções, e não sustentadas por uma ideologia económica. A Direita da revolução francesa não defendia o liberalismo económico. Pelo contrário, lutava em favor da manutenção dos privilégios da velha nobreza, ameaçada pelo aparecimento de uma burguesia que vinha a ganhar preponderância devido ao comércio livre.

A identificação destes sectores políticos com questões de cariz económico surge apenas mais tarde quando a nobreza já fazia parte do passado. Assim, partindo de um contexto de liberalismo económico como estado inicial da natureza, e tendo em conta o papel da direita como guardiã da ordem estabelecida, tornou-se natural que seja esta a adoptar para si a ideologia económica que visa a preservação do papel reduzido estado no contexto económico.

Este espectro político acabou por ser exportado para o resto do mundo democrático, incluindo os EUA.

À luz destas considerações, as associações inerentes à Esquerda e à Direita moderna ganham novo significado e revelam a origem primordial da tensão entre estas facções políticas: a postura em relação à mudança social.

Mais do que um espectro de ideologia económica ou de valores sociais, a relação Esquerda-Direita é, ainda hoje, um espectro que reflete primariamente o nível de aversão à mudança social, independentemente do seu tipo.

Isto afigura-se especialmente verdade quando a realidade política por virtude, por exemplo, de um bipartidarismo de longa data como é o norte-americano, força a compressão da política numa única dimensão. Os partidos vêem-se assim obrigados a demarcar o seu território ideológico em várias dimensões diferentes. Estas demarcações acabam por ser efectuadas obedecendo quase sempre ao mesmo critério: o do desejo ou resistência à mudança social.

A palavra conservador, tida normalmente como relativa a valores, acaba assim por ser apropriada para descrever a Direita até na sua globalidade. A Direita visa a conservação. Conservação dos valores, dos costumes, das tradições, como é normalmente interpretado, mas também a conservação de uma realidade económica e social. É exactamente isto que tenta fazer o partido republicano.

Nos EUA, o status quo sempre foi o conservadorismo cristão e o papel reduzido do estado. Não surpreende assim que a Direita americana na forma do partido Republicano se tenha apropriado destas como as suas principais bandeiras.

Ainda assim, fica a pergunta: em que são os EUA diferentes de outros países de forma a não terem desenvolvido um SNS quando outros o fizeram?

A resposta a esta pergunta tem várias vertentes. Outros países não terão um bipartidarismo tão vincado. Outros países não sofrem do contexto de uma união de estados que muitas vezes tenta travar o crescimento do estado federal, factor chave no desenvolvimento de um SNS. Outros países não terão prosperado tanto e durante tanto tempo num contexto de desregulação. Outros paises terão passado por mais episódios de instabilidade social (Crises e guerras em solo doméstico) que normalmente servem como catalizador de uma maior intervenção estatal.

É interessante verificar que o momento crucial para o desenvolvimento do estado social norte-americano foi a grande depressão e o consequente New Deal.

Ironicamente, é o sucesso económico e social dos EUA que surge assim como um dos principais entraves à adopção de um SNS que melhoraria substancialmente a vida da maioria dos seus cidadãos. Resta saber se os norte-americanos resistirão por muito mais tempo.

 

Trumpcare

Erro de canonização

Os meus pais sempre me ensinaram que não se discute politica, religião e futebol. Mas que se lixe. Hoje vou cometer um sacrilégio. Com o Papa cá… desculpem…, mas vai ter que ser…

Disclaimer: aceitar-se-á qualquer critica, em qualquer tom, na direção deste herege ateu desmiolado.

Ora, vejamos, o Papa está aqui para celebrar os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de/em Fátima. E a prenda, fator comum numa festa de aniversário, é a canonização dos dois pastorinhos, Francisco e Jacinta.

Parece que para que uma pessoa (morta?) seja considerada Santa, esta terá que produzir um milagre, em vida (ou em morte, pelo que aparenta). E os pastorinhos fizeram um milagre, um grande milagre.

Vamos à história. Resumindo, uma criança está a brincar com a irmã, cai (de uma janela?) a 6.5 metros do chão e bate com a cabeça, fazendo um grave traumatismo craniano que a leva para um estado de coma. É internada num hospital no Panamá e vai piorando, sendo que os médicos lhe atribuem uma probabilidade baixa (não nula) de sobrevivência. É então, que a irmã, decide rezar aos pastorinhos de Fátima dizendo-lhes que curem a criança, que tal como eles é…uma criança (eles não morreram velhos?). Os pastorinhos, sendo este o seu primeiro trabalho internacional, e face à força do argumento apresentado, acedem ao pedido e curam o menino. Este no dia seguinte começa de pronto a falar, e inicia uma recuperação que viria a culminar com a beatificação dos últimos.

É impressão ou houve um erro? Recapitulando, uma criança tem um acidente, fica em estado grave, vai para o hospital e com muito trabalho e suor dos médicos consegue recuperar. Mas quem colhe os louros são os pastorinhos, que de medicina sabiam pouco (ou nada) e… como é que eu ei-de dizer isto…, pá, estão mortos…

Para os médicos: Se eu fizesse um trabalho impecável na minha profissão e viesse um morto roubar-me o mérito, eu ficava muito… é melhor nem dizer.

Além disso quantos casos destes há todos os dias? Se é filho de um católico que rezou a um Santo é milagre. Se é filho de um ateu que não rezou a ninguém é probabilidade. Mas nunca é um “milagre” do profissional de saúde que lutou ao máximo para salvar a vida de outra pessoa. Pelo menos dissessem que os pastorinhos deram força aos médicos para salvar a criança. Estes com energia divina fizeram ainda mais do que fazem normalmente e conseguiram eles, apoiados por Deus (e os pastorinhos), um resultado não explicado pela ciência (que até o é, mas pronto…). Mas não.

Ok, está bem…

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